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sábado, 13 de agosto de 2011

Pelincho Velho

 Presto, com estes versos, uma homenagem ao meu querido Papai, que me mata de saudades, neste dia dedicado a todos os papais do mundo.

PELINCHO VELHO

Nasci em um lugar apertado
Chamado de apartamento.
Hoje já não existe mais,
Só a fachada permaneceu;
Mas eu percorria aquele lugar
Como se fosse um campo.
Lembro meu pai assoviando, a nos chamar:
Era o pelincho, solitário, sobre um toco, no sol escaldante,
Com seu canto longo, a morrer, ao longe...
Aquelas escadarias enormes eram morros,
Cada porta, de cada sala, era um entrevero de maricás:
Se entrava, mas não se saia, eram labirintos...
A vista do nono andar era imponente para um guri de cinco anos,
A lonjura era muita, rios distantes, guaíbas, gravataís, arroios, matos...
Meu reino era esta montanha, eu vivia, guri, um grande sonho.
Quando descia e me misturava entre às pessoas comuns, paisanos,
Em frente se abria uma grande pradaria, campo aberto, ventos,
Mato cheiroso...
Eu tinha uma praça só para mim,
General Osório era meu amigo, meu protetor,
Com seu cavalo imponente, e suas luzes misteriosas, coloridas,
Que emergiam das águas; um milagre.
Tinha balanço, gangorra, coqueiros, pombas, e aquela moça solitária,
Que teimava em derramar a água de seu jarro.
O campo veio depois, mato serrado, falsos trigais, formigas cortadeiras,
Açude e o cusco vermelho, companheiro, que não exitava em pular na sanga,
Mesmo que saísse tapado de chamichunga.
Valente o Tico, esse era seu nome.
Até hoje o guri andejo vive em mim,
Ainda anda num grupo de dez guris
Uns a pé, outros de bicicleta,
Com o valente cão sempre à frente
A pular nas águas da hidráulica
Andando de um município a outro,
Das sangas da Ingá às águas geladas da Lagoa do Cocão, na bela Alvorada.
Até hoje ecoa em minha mente o assovio de meu pai
Pelincho Velho, solitário, sobre um toco, no sol escaldante,
Com seu canto longo, triste, a morrer ao longe...

Napoleão Gomide


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